CSP/Conlutas – O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) realizou nesta quinta-feira (19) um ato contra a ameaça de reintegração de posse da sede sindical e também contra o fechamento de uma das creches da universidade, a Oeste, localizada no campus da capital, com a desocupação de seu prédio.
Centenas de manifestantes passaram pelo ato para expressar apoio e solidariedade. Parlamentares, intelectuais, entidades populares, sindicais, estudantis, movimentos de combate às opressões marcaram presença e realizaram falas.
No mês de abril de 2016, a reitoria da USP, sob o comando de Marco Antônio Zago, determinou a desocupação da sede que o SINTUSP ocupa há mais de 50 anos, através de uma liminar de reintegração de posse, com autorização do uso de força policial. Foi além, cercando de grades o espaço – que também abriga entidades dos estudantes, violando a autonomia sindical, e efetivamente impedindo o acesso de veículos.
Para Magno Carvalho, diretor do Sintusp e membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, este é um grande ataque à organização sindical feito pela reitoria da USP que é sem precedentes na história da Universidade. “O Sintusp é uma pedra no caminho da reitoria e continuará sendo. A palavra de ordem é resistência”, conclamou.
O dirigente também destacou que o objetivo da reitoria é a destruição da universidade pública. “Existe um desmonte da USP em curso, o sucateamento dos aparelhos de saúde, como o Hospital Universitário e o avanço da terceirização. Graças a forte luta dos trabalhadores, o hospital universitário não foi desvinculado, como era a vontade de Zago. É o sindicato que mais denuncia os males da terceirização, que defende cotas raciais para o vestibular, que luta contra os ataques dos governos”, declarou.
Em defesa das creches!
A reitoria também anunciou sua pretensão de fechar a Creche Oeste e transferir crianças e funcionários para a Creche Central, também localizada na Cidade Universitária. Essa medida, que reduz drasticamente o número de famílias atendidas e representa um grande ataque, também foi tema da manifestação.
As creches representam a garantia de inúmeros direitos: direito da criança à educação infantil pública, gratuita e de qualidade; direito dos trabalhadores; e direito das e dos estudantes ao ensino superior. Além do recorte de classe, há um claro recorte de gênero que afeta principalmente as mulheres, sejam estudantes ou trabalhadoras, que na falta de um lugar de qualidade para confiarem a educação dos filhos, acabam sendo responsabilizadas por seus cuidados, sendo as maiores prejudicadas em seus estudos ou trabalho, quando não obrigadas a interrompê-los.
Apoio da CSP-Conlutas
Wilson Ribeiro representou a CSP-Conlutas no ato. O dirigente reforçou a historia do Sintusp como um exemplo para o movimento sindical nacionalmente, e também para a defesa da universidade pública. “Expulsar uma entidade da classe trabalhadora depõe contra tudo que construímos nos últimos tempos. Assemelha-se aos atos das épocas da ditadura militar. Vamos unir nossas forças aos trabalhadores da USP e aos estudantes para barrar o autoritarismo da reitoria”, declarou.
Wilson também reforçou a campanha internacional encampada pela CSP-Conlutas em defesa do Sintusp. Por iniciativa da Central, o reitor Zago será surpreendido na universidade que frequenta como estudante na Polônia. Cartazes com a sua foto e um texto relatando as arbitrariedades que comete no Brasil serão espalhados como protesto.
Entre as representações estavam: as entidades sindicais e do movimento social CSP-Conlutas, CUT, Intersindical, Fasubra, Fórum das Seis, Adusp, Adunesp, Sintunesp, STU, APG, Assibge, Assipen, Núcleo de Consciência Negra, Movimento Negro Unificado, Movimento Luta Popular, Apeoesp, Sindsprev, Sinasefe; entidades Estudantis como CAPPF, CALC, CAEL, CA XI DE Agosto, CAHIS, CEUPES, ANEL, ANPG, AMORCRUSP, Instituto Diversitas, e representações politicas como Eduardo Suplicy (PT), Ivan Valente (PSOL), Carlos Gianazzi (PSOL), Alencar Santana (representando os mandatos do PT em São Paulo), mandato da vereadora Sâmia Bonfim (PSOL), e o advogado Luís Eduardo Greenhalgh.
Acampamento da Resistência
Como próximo passo das lutas, o SINTUSP anunciou que a partir da próxima segunda-feira (23), os trabalhadores, estudantes, docentes e apoiadores vão acampar no campus da Universidade. Maiores informações ainda serão divulgadas pelo sindicato.